segunda-feira, 25 de julho de 2016

Valor

Há apenas uma alternativa fundamental no universo: existência ou não-existência — e ela pertence a uma única classe de entidades: à dos organismos vivos. A existência "de matéria inanimada é incondicional, a da vida não: depende de um curso específico de ação. A matéria é indestrutível, ela muda suas formas, mas não pode parar de existir. Somente um organismo vivo enfrenta uma alternativa constante: a questão da vida ou morte. A vida é um processo de ação autogerada e autossustentada. Se um organismo falha nesta ação, ele morre; seus elementos químicos permanecem, mas sua vida cessa de existir. É somente o conceito de ‘Vida’que faz o conceito de ‘Valor’
possível. É apenas para uma entidade viva que as coisas podem ser boas ou más.” Para tornar este ponto totalmente claro, tente imaginar um robô indestrutível, imortal, uma entidade que se move e age, mas que não pode ser afetada por nada, que não pode ser mudada em qualquer aspecto, que não pode ser danificada, machucada ou destruída. Tal entidade não seria capaz de ter quaisquer valores; não teria nada para ganhar ou para perder; ela não poderia considerar nada como sendo a seu favor ou contra, servindo ou ameaçando seu bem-estar, preenchendo ou frustrando seus interesses. Ela não poderia ter nenhum interesse ou objetivos. Apenas uma entidade viva pode ter objetivos ou originá-los. E somente um organismo vivo tem capacidade para realizar ações autogeradas e dirigidas a
um objetivo. Ao nível físico, as funções de todos os organismos vivos, do mais simples ao mais complexo — da função nutritiva na célula única de uma ameba à circulação do sangue no corpo de um homem —, são ações geradas pelo próprio organismo e dirigidas a um único objetivo: a conservação da vida do organismo.
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A vida de um organismo depende de dois fatores: o material ou  combustível que ele necessita do lado de fora, do seu meio ambiente físico, e a ação de seu próprio corpo, de utilizar este combustível apropriadamente. Qual é o critério que determina o que é apropriado neste contexto? O critério é a vida do organismo, ou: aquilo que é exigido para a sobrevivência do organismo. O organismo não possui nenhuma opção nesta questão: aquilo exigido para sua sobrevivência é determinado pela sua natureza, pelo tipo de entidade que é. Muitas variações, muitas formas de adaptação ao meio ambiente são possíveis a um organismo, incluindo a possibilidade de existir durante um tempo
numa condição de incapacidade, de mutilação ou doença, mas a alternativa fundamental de sua existência permanece a mesma: se um organismo falha nas funções básicas exigidas por sua natureza — se o protoplasma de uma ameba cessa de assimilar comida, ou se o coração de um homem para de bater —, ele morre. Num sentido fundamental, a não-ação é a antítese da vida. A vida pode
ser mantida na existência apenas por um processo constante de ação de autossustentação. O objetivo desta ação, o valor supremo que, para ser mantido, deve ser ganho através de cada um de seus momentos, é a vida do organismo.

Um valor supremo é aquele objetivo final para o qual todos os objetivos menores são meios — ele estabelece o critério pelo quais todos os objetivos menores são valorados. A vida de um organismo é o seu padrão de valor: aquilo que promove sua vida é o bem, aquilo que a ameaça é o mal.

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